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Uso da tecnologia por crianças. Aliada ou vilã?

Postado em: 05/06/2019

Num mundo cada vez mais marcado pela tecnologia, o uso de tablets, smartphones e outros aparelhos digitais entram cada vez mais cedo na vida de nossas crianças.

Definitivamente é impossível imaginar uma infância livre da influência dos equipamentos eletrônicos, se antes já era um desafio delimitar os momentos de televisão e videogame de forma saudável, hoje essas novas tecnologias adicionaram um desafio a mais.

Especialistas em desenvolvimento infantil têm chamado a atenção para o uso excessivo de aparelhos digitais como celulares, tablets e videogames por crianças e adolescentes. Por isso, os limites recomendados de utilização dessas tecnologias não param de ser revistos, bem como a maneira com que os pequenos deveriam interagir com as telas.

Pensando nisso, em 24 de abril de 2019 a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou novas diretrizes para ajudar pais e cuidadores nessa tarefa tão delicada que é colocar um limite entre o saudável e prejudicial que essas tecnologias podem representar na vida das crianças menores de 5 anos. A exclusão completa da tecnologia não é necessariamente benéfica, uma vez que a vida atual é permeada por ela por todos os lados. Assim, o uso controlado pode ter suas vantagens.

Além do uso da tecnologia, essas novas diretrizes tocam em assuntos como atividades físicas e qualidade das horas de sono.

Para crianças menores de 1 ano, a orientação é que nunca devem ser expostas a telas. Nunca. Elas também não devem passar mais de 1 hora restritas a carrinhos, “chiqueirinhos” ou cadeirões, e devem dormir em média 14-17 horas por dia entre os 0 e 3 meses, e 12-16 horas entre os 4 e 11 meses, incluindo as sonecas.

Aos 12 meses a 2 anos, o uso de aparelhos eletrônicos e digitais não é recomendado, até porque segundo estudos da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, até os 2 anos e meio, os bebês não conseguem transferir o que veem na tela para a realidade. Portanto, precisam ser ensinados sobre o que estão assistindo para que associem a experiências reais. Nessa fase, elas devem passar em média 3 horas realizando atividades físicas ou brincadeiras ao ar livre e não exceder mais de 1 hora diária restritas a cadeirões e similares. Quanto ao sono, recomenda-se em média 11-14 horas de sono, incluindo as sonecas.

Leia mais em: Brincar Desenvolve

Dos 2 aos 4 anos, o uso dessas tecnologias não deve exceder 1 hora, por tanto que as atividades físicas representem 3 horas de seu dia. Devem passar no máximo 1 hora por dia restritas em cadeirões e similares, e dormir de 10 a 13 horas por dia.

Embora pareça difícil encontrar um ponto de equilíbrio entre o estilo de vida atual e a regulação do uso de mídias eletrônicas, os pais devem estabelecer regras e trabalhar para que os pequenos não acabem exagerando na hora de usar os dispositivos eletrônicos.

Para isso, a primeira coisa que os pais devem fazer é se perguntar se eles mesmos não estão usando smartphones, tablets e computadores demais. Não adianta nada impor regras às crianças e dar mau exemplo.

Outro ponto é não estimular antes do tempo as crianças a manipularem os equipamentos. O melhor é deixar que elas mesmas demonstrem interesse e só depois disso os pais podem mostrar a elas como usar os aparelhos de forma correta.

A OMS também preparou dicas para os pais e cuidadores

  • Evitar o uso de celulares na frente de crianças menores de 5 anos, priorizando realizar atividades divertidas com elas, como pintar e cantar e dar-lhes atenção integral.
  • Dar atenção somente a criança quando estiver passando tempo com ela. As ligações, as redes sociais e a leitura podem esperar.
  • Não ter medo de dizer “não”. Nunca é tarde para mudar maus hábitos em relação ao uso de telas. Diante da negativa, é normal  que crianças reajam com choro e manha, mas é importante manter-se firme.
  • Quando tiver que falar ao telefone, procurar usar um aparelho fixo; assim, a criança se sentirá menos tentada a brincar com ele depois.

A Academia Americana de Pediatria também mantém recomendações sobre o uso das tecnologias para crianças maiores e adolescentes.

Buscar equilibrar o tempo de uso desses aparelhos com outras atividades mais saudáveis é essencial, além de colocar limites para que a experiência na internet seja positiva e não ocupe o espaço de atividades físicas e interações pessoais presenciais, que são essenciais nessa fase. Estabeleça momentos em que todos devem desligar os aparelhos, como a hora das refeições ou enquanto estiver dirigindo, além de determinar locais em que o uso é proibido, como o quarto e sempre conversar sobre cidadania e segurança, incluindo como tratar as pessoas com respeito na internet e fora dela.

Leia mais em: Redes Sociais durante a infância e seus limites

A Sociedade Brasileira de Pediatria também traz uma recomendação importante sobre o uso das tecnologias. Ela aconselha que as crianças não usem aparelhos, incluindo televisão, no quarto, para evitar o isolamento, e que sejam incitadas a realizar atividades físicas que estimulem a interação social.

Qualquer dúvida procure sempre um pediatra. Todas as informações fornecidas neste website têm caráter meramente informativo, com o objetivo de complementar, e não substituir, as orientações do seu(sua) médico(a).


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