Pé Plano
Postado em: 11/06/2019
Texto por: Dr. Bruno Lee @dr.brunolee
Em minha prática clínica é muito frequente a consulta em que os pais trazem seu filho pequeno para avaliação do famoso “pé chato”.
O pé chato, tecnicamente, é o pé plano valgo, ou seja, é o pé que não possui o arco plantar (plano) e, ao ser observado por trás, apresenta os calcanhares em forma divergente (valgo).
Na maioria das vezes, a criança nasceu sem maiores problemas no parto, se desenvolveu normalmente e andou com aproximadamente 1 ano, o que é o normal.
Os pais, no entanto, se afligem por não se conformarem com o formato dos pés do seu filho, apesar da criança brincar normalmente e não se queixar de dor, ou seja: na maioria das vezes a consulta tem por finalidade a tranquilização dos pais, o que é absolutamente natural. Afinal de contas, quem tomará conta de nossos filhos se não nós mesmos?
O objetivo principal deste tipo de consulta, no entanto, é a diferenciação entre o pé plano fisiológico (normal) do pé plano patológico (decorrente de alguma afecção).
Toda criança ao nascer apresenta os pés planos, principalmente pela imaturidade dos tecidos (ossos, ligamentos, tendões e nervos) dos pés. O arco plantar normalmente se desenvolve por volta dos 3 anos de idade. Quando isso não ocorre, o pé plano pode se desenvolver.
Existem pessoas que possuem o pé plano durante toda a vida e não apresentam sintoma algum, situação que configura o pé plano fisiológico.
Existem afecções, no entanto, que podem gerar o pé plano valgo, como por exemplo:
- Espasticidades causadas por falta de oxigenação cerebral durante o parto – a criança que apresentou sofrimento fetal ou peri parto pode desenvolver espasticiades musculares que alteram o desenvolvimento normal dos pés;
- Doenças da infância geradoras de sequelas motoras – algumas doenças infecciosas podem acarretar alterações motoras permanentes;
- Barras ósseas (ou coalizões tarsais) – algumas pessoas nascem com ossos “extra”, que unem ossos que não deveriam ser unidos. Esta união pode ser fibrosa, cartilaginosa ou óssea. Estas condições geralmente geram pés com deformidades mais rígidas, que tendem a se agravar durante o estirão de crescimento, devido ‘a calcificação dos ossos nesta fase da vida.
Aos pais, o principal ponto a ser observado são os sintomas do filho, como atraso no desenvolvimento motor, quedas constantes ou queixas recorrentes de dores nos pés.
O tratamento do pé chato pode variar desde adequação de calçados, passando pelo uso de palmilhas compensatórias até o tratamento cirúrgico em alguns casos.
A conhecida bota ortopédica, tão utilizada no passado, provou – se ineficaz, caindo em desuso, ou seja, a bota não cria o arco do pé.
A mensagem principal que os pais devem absorver é a seguinte: observe seu filho, converse com ele. Em caso de dúvidas, consulte um ortopedista.
Leia também: Metatarsalgia de morton