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Entendendo a diabetes mellitus na infância.

Postado em: 04/12/2019

 

A forma de apresentação mais comum da diabetes mellitus na infância é diferente da forma que conhecemos habitualmente entre adultos, a diabetes tipo 2. Alguns sintomas se assemelham mas há características peculiares que vamos detalhar neste texto. Além disso, algumas questões psicossociais podem aparecer, principalmente entre adolescentes, dificultando o tratamento.

O tipo mais comum de diabetes mellitus em criança é o tipo 1, sendo responsável por dois terços dos novos casos em crianças e conhecida como uma das doenças infantis crônicas mais comuns, ocorrendo em 1 entre 350 crianças de até 18 anos de idade. Embora o tipo 1 possa ocorrer em qualquer idade, geralmente é diagnosticado entre os 7 e os 15 anos de idade. O motivo pelo qual esta doença aparece é diferente da diabetes tipo 2. No tipo 1, ocorre uma destruição auto-imune, isto é, anticorpos destroem o pâncreas, glândula que produz insulina, levando a insuficiência deste hormônio, tão importante para a regulação do açúcar no sangue. Já no tipo 2, ocorre uma resistência das células do corpo à insulina e geralmente esta doença também vem acompanhada de alterações metabólicas como a obesidade, sedentarismo e colesterol alto.

O açúcar (a glicose) é a principal fonte de energia do corpo. Assim, com o combustível do organismo em falta, alguns sintomas aparecem. Mãos trêmulas, suor, confusão mental, irritação e taquicardia são alguns dos sintomas mais comuns desta condição que conhecemos como HIPOGLICEMIA (glicose baixa no sangue). Um episódio severo de hipoglicemia pode fazer a criança desmaiar ou ter uma convulsão.

As taxas baixas de açúcar não acontecem com frequência em crianças maiores (principalmente após os 2 anos), pois o corpo se regula para manter os níveis adequados, mesmo durante períodos mais prolongados sem ingestão de alimentos. Crianças pequenas, em especial abaixo de 6 meses, e, principalmente recém-nascidos, ou aquelas que estejam doentes tem risco aumentado de hipoglicemia.

Já o oposto extremo desta condição chamamos de HIPERGLICEMIA. Os altos níveis de glicose, principal sintoma da diabetes, está presente no momento do diagnóstico, mas também se houver um controle ruim da doença. Crianças que não tenham diabetes podem também apresentar níveis altos, mas somente na presença de algum quadro infeccioso. Os sintomas da hiperglicemia prolongada são sede, perda de peso, cansaço, aumento do volume de urina (e, consequentemente, muitas idas ao banheiro) e desidratação. Se a hiperglicemia não for controlada, pode levar a náuseas, vômito, confusão e até coma.

Após o diagnóstico, a rotina alimentar mudará, tomando alguns cuidados em relação aos carboidratos, como pães e doces. A rotina de tratamento também utiliza medicações injetáveis para o controle da glicemia, ou seja, uso de insulina. Tudo levando em consideração as fases de crescimento de cada idade, uma das principais diferenças em relação a diabetes diagnosticada em adultos. Cada caso deve ser estudado individualmente, adequando a realidade do pequeno e a necessidade que a doença trouxe para aquele caso. Isso ocorre porque a necessidade de medicação varia de criança para criança e, consequentemente, a quantidade de carboidratos que pode ser ingerida.

A diabetes não tem cura, até o presente momento, mas, com bom controle medicamentoso e alimentar é possível controlar os sintomas e, principalmente, impedir o aparecimento de complicações, muitas vezes graves. Sabemos que, em especial na adolescência, o uso contínuo de medicamentos e restrições alimentares podem incomodar bastante. Por isso, é muito importante sempre incluir os pequenos desde sempre nas conversas a respeito da doença e fazê-los entender a importância do seguimento adequado, além de tentar sanar as angústias que forem aparecendo.

Com relação aos pacientes com síndrome de Down (SD) devemos ressaltar alguns pontos importantes. Ambos tipos de diabetes tem uma frequência maior e, apesar de não ser necessário fazer triagens periódicas na infância, a qualquer sinal de sintomatologia deve-se iniciar a investigação. Observamos um aumento na incidência de diversas doenças auto-imunes nestes pacientes. Por isso, a chance de apresentar diabetes é maior e cerca de 1% das crianças com SD podem desenvolver o tipo 1. Além disso, o tipo 2 também é mais frequente e pode aparecer mais precocemente em adolescentes e adultos jovens. Como os pacientes com síndrome de down tem o tônus muscular diminuído, isso acaba propiciando o sedentarismo. Junto com uma tendência maior à obesidade, devemos ficar sempre atentos ao aparecimento de alterações metabólicas, entre elas a diabetes tipo 2. Incentivar a prática de exercício físico e uma alimentação saudável é primordial sempre. Nestes pacientes, este cuidado deve ser redobrado.

Qualquer dúvida procure sempre um pediatra. Todas as informações fornecidas neste website têm caráter meramente informativo, com o objetivo de complementar, e não substituir, as orientações do seu (sua) médico (a).


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