Freio e desenvolvimento infantil
Postado em: 14/06/2024
Dor na amamentação, dificuldades de fala e restrições nos movimentos da língua são algumas consequências do freio lingual curto. Essa condição congênita pode ser corrigida por meio de um procedimento cirúrgico chamado frenotomia, que gera controvérsia entre especialistas. A Sociedade Brasileira de Pediatria se posiciona contra a obrigatoriedade do exame da linguinha em recém-nascidos, argumentando que pode levar a cirurgias desnecessárias.
Este artigo aborda o freio da língua e como esse problema pode afetar diversos aspectos da vida de uma criança, desde a amamentação até o desenvolvimento da fala e a interação social. Confira!
O que é língua presa?
O freio da língua curto, conhecido também como frênulo lingual curto, anquiloglossia ou língua presa, é uma condição em que o frênulo é mais curto que o normal, limitando sua mobilidade. Essa restrição pode causar dificuldades na amamentação, uma vez que o bebê enfrenta problemas para realizar os movimentos corretos com a língua, essenciais para sugar o leite. Ao longo do tempo, essa condição pode interferir na pronúncia de certos fonemas e provocar complicações na alimentação. Estima-se que cerca de 10% dos recém-nascidos apresentem anquiloglossia, condição atribuída a fatores genéticos.
Sintomas
O sintoma mais comum de língua presa em recém-nascidos é a dificuldade em amamentar ou usar mamadeira. A criança precisa posicionar a língua de forma adequada para extrair o leite de maneira eficaz. A limitação na mobilidade da língua pode impedir a formação de uma vedação eficiente, dificultando a alimentação.
Nos casos de freio da língua posterior, mesmo que ela consiga ultrapassar as gengivas, fica restrita mais ao fundo da boca, causando problemas de alimentação ou deglutição. Esses desafios não são exclusivos do freio lingual, mas estão relacionados a ele, influenciando negativamente tanto a pega quanto a eficácia da alimentação.
Outros sinais incluem:
- Incapacidade de elevar a língua até o céu da boca ou movê-la de um lado para o outro.
- Dificuldade em passar a língua pelo lábio inferior.
- Língua com aspecto entalhado ou em forma de coração ao esticar.
- Desafios de fazer sons de letras específicas como “t”, “d”, “l” e “th”.
Possíveis complicações da língua presa
A língua presa pode dificultar a amamentação em bebês, tornando difícil para eles sugarem corretamente o seio da mãe e, muitas vezes, levando-os a morder o mamilo em vez de sugá-lo, o que é extremamente doloroso. Este problema não só provoca desconforto para a mãe, mas também impede que o bebê se alimente eficientemente, resultando em fome frequente e ganho de peso insuficiente.
À medida que a criança cresce, o freio lingual pode complicar a introdução de alimentos sólidos e interferir no desenvolvimento dentário, como o aparecimento de espaço entre os dois dentes frontais inferiores.
Além disso, crianças com essa condição frequentemente respiram pela boca e roncam, o que pode comprometer a qualidade do sono. Esse padrão de sono interrompido pode gerar congestão nasal recorrente, ranger de dentes durante o sono e dores subsequentes de cabeça, além de rigidez no pescoço e ombros. Esses desconfortos, mesmo sutis, podem afetar negativamente a postura e o bem-estar geral da criança.
Tratamentos para freio da língua
Nem todas as pessoas com a língua presa necessitam de tratamento. Alguns profissionais de saúde recomendam tratá-lo imediatamente, enquanto outros optam por esperar para ver. Os pediatras trabalham em conjunto com fonoaudiólogos para recomendar a opção de tratamento certa para cada paciente.
Nem todas as crianças com língua presa necessitam de tratamento. Alguns médicos recomendam cuidado imediato, enquanto outros preferem aguardar e observar a evolução. O pediatra, em colaboração com fonoaudiólogos, avalia cada caso para determinar a abordagem mais adequada.
Se a cirurgia for indicada, a frenotomia é um procedimento rápido e de baixo risco, realizado geralmente em consultório, que envolve cortar o frênulo com laser ou tesoura estéril. A recuperação é rápida, com dor mínima e pouco sangramento.
Vivendo com a língua presa
À medida que uma criança cresce e se desenvolve, a anatomia da língua não muda. Os pequenos não superam a doença, mas a maioria aprende a controlar os sintomas com o tempo. Enquanto os recém-nascidos podem enfrentar desafios com a amamentação, os adultos normalmente não têm problemas para comer, pois podem manipular os alimentos para facilitar a deglutição. A fonoaudiologia pode ser útil para melhorar a articulação e pronúncia.
Conclusão
O freio lingual curto, ou anquiloglossia, pode ter um impacto desde os primeiros dias de vida de uma criança. Embora alguns bebês com língua presa possam não apresentar sintomas significativos, outros podem enfrentar desafios que vão desde dificuldades na amamentação até problemas de fala. É crucial entender que cada caso é único e o tratamento deve ser individualizado.
As famílias devem buscar avaliações cuidadosas feitas por pediatras capacitados, para garantir que qualquer intervenção seja realizada apenas quando estritamente necessária. Com o suporte adequado, crianças com freio da língua podem superar esses obstáculos e desenvolver-se de maneira saudável e feliz.
Se você está preocupado com o desenvolvimento de seu filho e suspeita que ele possa estar enfrentando desafios relacionados ao freio lingual, é importante buscar ajuda profissional. Consulte a Dra. Anna Dominguez Bohn para uma avaliação detalhada e recomendações sobre as melhores práticas e tratamentos disponíveis. Agende já sua consulta!
Dra. Anna Dominguez Bohn
Pediatra
CRM: 150.572
RQE: 106.869 | 1068691
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