Paracetamol e a polêmica sobre desenvolvimento infantil
Postado em: 28/06/2024
O Paracetamol, conhecido também como acetaminofeno, é um analgésico e antitérmico comumente utilizado para aliviar dores leves a moderadas e reduzir a febre. Disponível sem receita médica em farmácias na forma de comprimidos, xarope ou gotas, o paracetamol teve mais de 215 milhões de doses vendidas no Brasil em 2022, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O uso do paracetamol deve ser sempre orientado por um médico e é apropriado para crianças, gestantes e adultos. No entanto, é importante respeitar as dosagens recomendadas para evitar problemas hepáticos, como hepatite medicamentosa ou insuficiência hepática. Este artigo aborda o que é o paracetamol, seus possíveis efeitos colaterais e as formas seguras de uso.
Desvendando a polêmica: Paracetamol e o desenvolvimento infantil com a Dra. Anna Dominguez Bohn!
O que é paracetamol?
Nos livros de farmacologia, o paracetamol é classificado como um anti-inflamatório não esteroide (AINE). Contudo, devido ao seu mecanismo de ação com baixo poder anti-inflamatório, o medicamento é comumente definido como:
- Analgésico: alivia dores moderadas a intensas;
- Antitérmico: combate a febre.
Dosagem máxima recomendada de paracetamol
Para evitar a superdosagem de paracetamol, é crucial seguir as orientações médicas sobre as doses máximas permitidas por dia, que são:
- Crianças abaixo de 12 anos: 50 a 75 mg de paracetamol por kg de peso corporal diariamente. Use suspensão oral de 100 mg/mL (como Tylenol bebê) ou 32 mg/mL. A dose total deve ser dividida em até cinco administrações ao longo de 24 horas.
- Adultos e crianças com mais de 12 anos: a dose máxima recomendada é de 4000 mg por dia. Divida em cinco comprimidos de 750 mg, oito comprimidos de 500 mg, ou 280 gotas de solução de 200 mg/mL, administrados em intervalos de 4 a 6 horas.
Sempre siga a recomendação do pediatra, especialmente para crianças menores de 2 anos ou com menos de 11 kg, para garantir segurança e eficácia.
Contraindicações
O paracetamol não deve ser utilizado por crianças alérgicas a ele ou a qualquer outro componente de sua fórmula. Além disso, não é recomendado para pequenos com problemas no fígado ou que já estejam fazendo uso de outro medicamento contendo paracetamol.
Efeitos colaterais
Geralmente seguro nas doses indicadas, o paracetamol pode causar náuseas, vômitos, constipação, reações alérgicas ou erupções cutâneas.
O paracetamol pode causar falência do fígado?
O uso excessivo de paracetamol pode causar danos graves ao fígado, incluindo hepatite medicamentosa e falência hepática. Sintomas de superdosagem incluem náuseas, vômitos (possivelmente com sangue), suor excessivo, palidez, perda de apetite, dor abdominal, coceira intensa ou icterícia. É fundamental interromper o uso e procurar atendimento médico imediatamente se esses sinais ocorrerem.
O que dizem os estudos sobre o uso de paracetamol
Mulheres grávidas devem usar paracetamol com cautela, optando pela menor dose eficaz e pelo período mais breve possível, sempre sob orientação médica. Embora seja considerado seguro na gestação, recomendações recentes indicam que o medicamento pode estar associado a riscos ao desenvolvimento do bebê.
Pesquisadores dos Estados Unidos, países da Europa e Brasil divulgaram uma declaração de consenso no periódico Nature Reviews Endocrinology no qual revisam estudos publicados nos últimos 25 anos e que associam a medicação a eventos adversos. O uso do medicamento foi associado a um risco aumentado de problemas no neurodesenvolvimento da criança, como Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno do Espectro Autista (TEA) e problemas na aquisição de linguagem, além de malformações genitais, com problemas reprodutivos e até infertilidade.
Embora os estudos não sejam conclusivos e não comprovem uma ação direta do paracetamol, as evidências observadas foram consideradas suficientes para que o alerta fosse emitido.
Novas perspectivas dos estudos recentes
O uso de paracetamol, o ingrediente ativo do Tylenol, durante a gravidez não foi associado a um maior risco de autismo, TDAH ou deficiência intelectual em crianças, conforme mostra um novo estudo.
A pesquisa, publicada em abril de 2024, na revista JAMA, analisou os registros médicos e pré-natais de cerca de 2,5 milhões de crianças nascidas na Suécia entre 1995 e 2019.
Anteriormente, um modelo estatístico que comparou crianças expostas ao paracetamol durante a gravidez com aquelas não expostas descobriu que havia um risco maior de autismo, TDAH e deficiência intelectual no grupo exposto.
No entanto, uma nova análise que estudou a exposição e os resultados entre irmãos (com os mesmos pais biológicos) descobriu que não havia evidências de um maior risco de autismo, TDAH ou deficiência intelectual associado ao uso de paracetamol durante a gravidez, de acordo com o artigo liderado por cientistas do Instituto Karolinska da Suécia e da Universidade de Drexel.
Se você tem dúvidas sobre o uso de paracetamol para o seu bebê, entre em contato com a Dra. Anna Dominguez Bohn. Com base nas últimas pesquisas e práticas recomendadas, ela pode oferecer informações para garantir a saúde e o bem-estar da sua família. Marque seu horário hoje mesmo na Pediatria UP!
Dra. Anna Dominguez Bohn
Pediatra
CRM: 150.572
RQE: 106.869 | 1068691
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